A casa de meus avós
Tinha uma sala na frente
Tinha quarto e corredor
E a cozinha transparente
Pois era de pau a pique
De fora se via a gente
Tinha um fogão de lenha
Que nunca se apagava
E a chaleira de ferro agate
Na trempe sempre estava
Com um café bem quentinho
Para todos que la chegava
Na casa de meus avós
Uma mágica acontecia
Pois a casa era pequena
E todo mundo cabia
Irmãs filhos e netos
Muitas vezes lá dormia
Minha avó sempre fazia
Um peixe velho cozido
Com muita água e cheiro verde
Pra fazer o pirão mexido
Sentava-mos ao redor da esteira
Onde o jantar era servido
Na cozinha da minha vó
Não tinha móveis nem mesa
Tinha jirau pote e auguidar
E uma lamparina acesa
Colher de pau e Urupema
Cuia côca e miudeza
Tinha Coité e cabaça
Usadas como bacia
Bolsa de palha e surrão
Que para tudo servia
Tinha jarra e quatinha
Com água de muitos dias
Guardo as mais doces lembranças
Da casa do meus avós
Do cheiro da Açucena
Do carinho deles por nós
Do jantar ao pôr do Sol
Dos ticuns e dos lençóis
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